
Considerações Gerais
- A rinossinusite crônica (RSC) é uma das doenças mais comuns, afetando cerca de 10% da população.
- É uma inflamação da cavidade nasal edos seios paranasais caracterizada por um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: obstrução e congestão nasal, dor e pressão na região facial, redução do olfato e rinorréia, associados a alterações patológicas observadas por vídeo-endoscopia ou tomografia computadorizada (TC).
- De acordo com a duração pode ser classificada como aguda (<12 semanas) crônica (>12 semanas).
- A RSC é uma doença inflamatória heterogênea com vários mecanismos imunopatológicos que se manifestam por meio de endótipos e fenótipos clínicos diferentes.
- A definição de endótipos pode ajudar os especialistas a prever o prognóstico da doença, selecionar os pacientes adequados para uma terapia específica e avaliar os riscos de comorbidades, como a asma, por exemplo.
- A medicina de precisão direciona as escolhas terapêuticas a partir da determinação de endótipos e fenótipos.
- É identificada forte associação da RSC com desenvolvimento de asma. A broncoconstrição pode ser induzida pelo estímulo de receptores nasais e da nasofaringe.
- Entre 40 a 80% dos pacientes com hipersensibilidade a aspirina apresentam polipose nasal.
- A presença de pólipos nasais em pacientes com RSC geralmente está associada ao desenvolvimento tardio da asma em indivíduos adultos.
Diagnóstico
História e exame físico
- Rinossinusite aguda (RA) e rinossinusite crônica (RC) sem pólipos nasais: a intensidade e duração dos sinais e sintomas deve ser avaliada (obstrução e congestão nasal, dor e pressão na região facial, redução do olfato e rinorréia). A rinoscopia anterior pode mostrar edema, hiperemia e secreção purulenta.
- RC com pólipos nasais: presença de pólipos (massas semi translúcidas) nas cavidades nasal e paranasais são a marca diagnóstica. Os pólipos antro-coanais crescem do seio maxilar em direção as coanas sendo geralmente unilaterais e não eosinofílicos. A polipose eosinofílica bilateral é comumente associada a presença de asma e/ou hipersensibilidade a aspirina (AAS).
- A polipose pode estar associada a doenças sistêmicas de base tais como: fibrose cística, síndrome de Churg-Strauss, síndrome de Kartagener e discinesia ciliar primária.
Exames complementares
- As radiografias convencionais não são indicadas na investigação diagnóstica.
- A tomografia computadorizada (TC) é o exame indicado para investigar rinossinusite.
- A videonasoendoscopia contribui significativamente na investigação diagnóstica.
- A investigação de IgE específica para aeroalérgenos deve ser realizada (prick test e /ouImmunoCAP®).
Conduta Terapêutica
Prevenção
- O controle ambiental deve ser realizado nos casos de participação de processo alérgico.
- Higiene nasal adequada e aplicações tópicas de mupirocina, 2 a 3 vezes por semana, podem ser utilizadas como estratégia de prevenção.
- Farmacoterapia.
–Rinossinusite aguda e rinossinusite crônica sem pólipos nasais
- Os descongestionantes tópicos e sistêmicos podem ser utilizados para alívio dos sintomas da rinossinusite aguda.
- A antibioticoterapia sistêmica é indicada nos casos de etiologia bacteriana, podendo ser associadaao emprego de corticóides intranasais que contribuem para o alívio dos sintomas.
- A corticoterapia via oral pode contribuir para alívio da dor e da cefaléia na rinossinusite aguda.
- Corticoterapia tópica por longos períodos (meses) é indicada. (I, A)
- O emprego de macrolídeos é interessante por associar efeitos antibacterianos com antiinflamatórios.
–Rinossinusite crônica com pólipos nasais
- O tratamento cirúrgico deve ser realizado somente nos casos de insucesso no tratamento clínico.
- Corticoterapia tópica nasal por longos períodos é o tratamento inicial de escolha.
- Corticoterapia via oral é efetiva na diminuição do tamanho dos pólipos.
- Antileucotrienos são indicados como agente terapêutico adicional.
- A manutenção de corticoterapia tópica pode reduzir as recidivas dos pólipos após tratamento cirúrgico.
- O emprego de doxiciclina associada a corticoterapia tópica nasal pode promoverredução significativa no tamanho dos pólipos.
Imunoterapia com alérgenos (ITA)
- A ITSL ou a ITSC são indicadas nos casos de confirmação de sensibilização a aeroalérgenos e presença de rinite alérgica. (I, A)
Biológicos
- Em ensaios clínicos, o emprego dos anticorpos monoclonais mepolizumabe (anti-IL5) e benralizumabe (anti-receptor de IL5) tem se mostrado eficaz no tratamento da RSC recidivante com pólipos nasais. (I-A)